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“MEDOS INDICADORES DE CRENÇAS LIMITADORAS”
"Veio
em seguida o que recebeu apenas um talento e disse: Senhor, sei que és homem
severo, que ceifas onde não semeaste e colhes de onde nada puseste; - por isso,
como te temia, escondi o teu talento na terra; aqui o tens: restituo o que te
pertence.”
(O
Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo 16, item 6)
O desapego às nossas convicções pode
ser comparado à delicada cirurgia na intimidade da alma e traz como principal
consequência o medo. Sobretudo, o medo de perder quem achávamos que éramos, de
perder personalidades ilusórias repletas de verdades falsas sobre a vida e
sobre o viver. Essa perda faz aflorar a dor angustiosa da indefinição, gerando
insegurança, desânimo e mau humor, que podem alcançar o nível de um quadro
exaustivo de estresse, ansiedade, pânico e desespero silencioso a caminho da
depressão.
Sob uma perspectiva transpessoal, o
medo é um excelente indicador de que existe algo a ser descoberto, enfrentado e
transformado em nós. É um sentimento mobilizador cuja função no cosmo emocional
é proteger e também instigar atitudes diante de pressões ou ameaças.
Sendo o medo uma reação natural e
necessária, aquilo que fazemos com ele é que pode se tornar um problema. Quando
optamos pela reorientação daquilo que temos como real, há uma perda temporária
de referências que nos ofereciam a sensação de segurança e bem-estar, e agora,
na formação de outros valores, o medo nos previne contra os mecanismos sutis da
leviandade diante da construção de novos princípios e valores que vão gerenciar
as novas formas de pensar e viver.
Entre as certezas que mais necessitam
de reciclagem e que podem acionar o medo com intensidade estão as chamadas
crenças de identidade, isto é, aquelas que criam uma percepção do valor e da
estima pessoal. São as que mais sofrimento têm causado ao ser humano. Sob
gerência de padrões de desvalor e de não merecimento, os sentimentos e
pensamentos aprisionam a vida psíquica e emocional no estado de baixa
autoestima.
No Evangelho, a passagem em que Pedro
foi convidado por Jesus a andar sobre as águas é um exemplo que ilustra bem
esse assunto. Trata-se de um andar incomum em um caminho sem referências e
exclusivamente pessoal, pois, embora houvesse muitas pessoas naquele momento na
praia, só Pedro foi chamado pelo Mestre.
Todos seremos chamados
em algum momento a andar sobre águas, a fazer um trajeto de libertação por
caminhos e aprendizados incomuns. Andar sobre as águas vai exigir uma convicção
sólida e um destemor sem igual: teremos medos e, assim como aconteceu com o
apóstolo, poderemos afundar nas águas dos nossos descuidos e temores apenas por
força de uma leve rajada de vento. O vento da indecisão, da dúvida, da
incerteza e da severidade com nós mesmos. Assim como andar sobre as águas,
reciclar nossas próprias verdades atemoriza-nos porque significa trilhar uma
jornada pessoal, sem comparação, única. Nesse processo, somos nós e nossa
consciência, nós e nosso ser transpessoal que anseia nascer e florescer.
Para tornar esse
caminhar menos doloroso e mais consciente, será necessária a descoberta de
quais crenças nossos medos indicam. Cada medo pode ser um indício daquilo que
devemos reciclar.
No medo de sofrer,
pode estar enraizada a crença de que não merecemos o prazer.
No medo de
aproveitar as boas coisas da vida, pode estar gravada a crença de que a
vida só tem valor legítimo quando as conquistas vêm pela dor e pelo sacrifício.
No medo de
experimentar romper seus limites, pode abrigar-se a crença do castigo para
quem não se conduz conforme os padrões.
No medo de errar,
camufla-se a crença da incompetência ou do perfeccionismo.
No medo de competir,
pode estar a crença de que temos de ser os melhores.
No medo do
desamparo, costuma se esconder a crença de que o amor alheio é mais
importante do que o autoamor.
No medo de
estabelecer limites, quase sempre está a crença em nossa infalibilidade.
No medo de nossa
fragilidade, abriga-se a crença de que temos de dar conta de tudo.
O medo de perder
pode trazer embutida a crença de que somos culpados pelas conquistas que
fazemos.
No medo de ser quem
somos, quase sempre está a crença de que ser diferente é um mal.
Aquele servo da
parábola dos talentos (Mateus 25:14 a 30) tinha
uma convicção limitadora. Ele preferiu enterrar o talento porque era essa a sua
concepção de proteção, de bom uso, ao mesmo tempo em que se submeteu a uma
postura de acomodação e de menor esforço. Por conta de suas ilusões, não gerou
vida, movimento e não ampliou o raio de sua experiência. Fechou-se em sua
concepção, por zelo e cautela.
Nos serviços de
aprimoramento espiritual, muitos de nós rendemo-nos a essas concepções
temerárias que sutilmente invadem o campo mental com ideias de prudência
excessiva e terminam em preguiça, perfeccionismo e fuga.
Diante de tais
atitudes, verificamos claramente a presença do egoísmo mais uma vez incensando
a ideia de sermos o melhor, quando os serviços do bem e da luz na busca de
nosso progresso apenas nos propõem a fazer o melhor que já conseguimos.
A crença lúcida e
libertadora de quem segue a Jesus é ser alguém melhor hoje do que ontem e dar
um passo atrás do outro na busca do aprendizado lento, gradativo e ininterrupto
na construção de um homem novo em constante aperfeiçoamento.
(Ermance Dufaux. Emoções que curam. Cap. 5 - “Medos
indicadores de crenças limitadoras”)
VOCÊ TEM MEDO DE PERDER?
Uma pessoa que tenha
desencarnado sem ter resolvido a pendência do medo de perder pode regressar à
reencarnação com a vida mental atormentada por uma constante sensação de
tragédia. Medo de perder o dinheiro, o filho, o emprego, o laço afetivo, os
bens perecíveis.
(...)
Diante do medo de
perder algo ou alguém, as perguntas que temos que fazer são: “o que essa pessoa
ou esse recurso representa para minha vida mental?” e “Sobre que danos reais o
medo quer nos avisar caso venha acontecer a perda real?”.
Analisemos algumas
possíveis representações mentais para o medo.
Para muitos pais, os
filhos representam um troféu de boa moral. Quase sempre nisso reside o medo de
perder os filhos para a depravação.
Para muitos
profissionais, o emprego representa a fórmula do sucesso e da realização. Assim
pode nascer o medo do desemprego.
Para muitos maridos, a
esposa representa a pessoa mais importante de sua vida. É por esse caminho que
brotam as fantasias de traição.
Para muitas esposas, o
marido representa a fonte máxima de segurança. Dessa forma, surgem muitos medos
de autonomia e independência.
Para muitas pessoas,
um bem material representa a expressão de sua capacidade pessoal. Essa
representação assombra a mente com medos de roubo e violência.
Para muitos espíritas,
os conceitos gerados pela cultura doutrinária representam fonte de poder e
orgulho pessoal. Isso pode levá-los a acreditar em medos de fracasso que
limitam a coragem de serem autênticos e de romperem com os modelos culturais
vigentes.
Por trás de cada medo
de perder existe um indício da alma que aponta o que necessitamos rever, o que
representa aquilo que tememos perder na nossa vida. Durante um tempo na vida
física é necessário e aceitável que tais medos façam parte da rotina. No
entanto, o amadurecimento emocional, em certo momento da evolução, nos
convocará a enfrentar nossos medos pelo bem de nossa própria sanidade e de
nossa libertação.
(...)
No medo do fracasso,
encontram-se os talentos para a legítima vitória.
No medo da
inutilidade, está o recado de que você tem algo rico a realizar.
No medo da rejeição
e do abandono, está o chamado para que você se aproxime mais de você.
No medo de perder,
está o convite para deixar a vida fluir com o melhor que ela tem.
No medo da
submissão, está a força indicadora de sua capacidade independente.
No medo de errar,
você expressa seu desejo de sempre aprender.
Carma não se encerra
na dor, e sim no amor. A dor é apenas aviso e fator emocional de indicação de
que podemos alcançar o amor.
Você tem medo de
perder?
Tome essa emoção como
um convite da vida para voos inimagináveis de força, realização e paz.
(Ermance
Dufaux. Emoções que curam. Cap. 15 – Você tem medo de perder?)
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