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quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Sucesso e Fracasso




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ÊXITO E FRACASSO

O estado normal da criatura é o de saúde, no qual o bem-estar e o equilíbrio proporcionam clima respirável de satisfação.

Elaborada para um ritmo harmônico de vida, a maquinaria fisiopsíquica obedece a automatismos precisos, dos quais resultam a saúde e as disposições emocionais, para galgar-se patamares reais elevados nos processos das aspirações idealistas.

Ser pensante, destaca-se a criatura na escala zoológica, compreendendo os mecanismos da vida e aplicando o conhecimento para os logros da autorrealização e da autoplenificação que lhe constituem o ápice da saúde.

Saúde seria, portanto, um fenômeno natural. Não fossem, do ponto de vista biopsicológico, as heranças genéticas, os fatores psicossociais, as ocorrências familiares e o convívio do lar, o ser não atravessaria os caminhos difíceis dos distúrbios e doenças perturbadoras.(...)

Passo a passo, desenvolvem-se os atributos da personalidade, ampliando-se os conteúdos da individualidade e aprimoram-se as aptidões latentes que são o germe da presença divina em todos.

Possuidor de recursos e potências não dimensionadas, o ser desabrocha e cresce sob as condições que lhe são inerentes, cabendo-lhe seguir o heliotropismo superior que o leva à sua destinação gloriosa.

Impregnado pelas partículas e moléculas materiais que o vestem, enquanto reencarnado, não raro a visão do êxito apresenta-se-lhe distorcida, caracterizando-se como o deleite contínuo, resultante dos prazeres hedonistas(1) que a posição social relevante e o poder político-econômico proporcionam, ensejando um prolongado desfrutar.

Esquecendo-se da impermanência de tudo e da fugacidade do tempo — pelo qual apenas transita, na sua dimensão de eternidade — desgasta-se, envelhece, adoece e morre... O imprevisível surpreende-o, e surgem-lhe a saturação, o desinteresse, os sentimentos apaixonados e os frustrados, proporcionando desequilíbrios interiores que se expressarão em tormentos para si e para os outros no inter-relacionamento pessoal.

Na busca do êxito, o ser, psicologicamente imaturo, investe todos os valores, e na competição encontra o estímulo para galgar os degraus do destaque, descendo moralmente, na escala dos padrões, à medida que ascende na aparência.

Essa dicotomia de ocorrências — a interna e a externa — resultará em infelicitá-lo, perturbando-lhe o senso de avaliação e de consideração da realidade, talvez ferindo profundamente a pessoa.

Caça-se o êxito como se fosse, na floresta humana, o objetivo essencial à vida, confundindo-se triunfo de fora com realização de harmonia interior.

Denigre-se então o adversário, que não o sabe, tornado assim por estar à frente ou mais alto; segue-se-lhe o passo, ocupando-lhe o lugar imediatamente inferior por ele deixado, até emparelhar-se-lhe e derrubá-lo, assumindo-lhe a posição.

Inevitavelmente, porque não permanecem espaços vazios nos relacionamentos humanos, enquanto, por sua vez ascende, deixa o degrau aberto que logo estará ocupado por aqueloutro que lhe será o substituto.

O triunfo de hoje é o prólogo do desencanto e das lágrimas de amanhã; sorrisos se tornarão esgares(2), e aplausos far-se-ão apedrejamentos, considerando-se, na população humana, as mesmas aspirações e os equivalentes conflitos. (...)  

Convém determinar-se que o êxito material pode significar fracasso emocional, espiritual, e, às vezes, o insucesso, a aparente falta de triunfo constitui a plena vitória sobre si mesmo, suas paixões e pequenezes, uma forma de opção para o crescimento interior, ao invés do empenho pelo amealhar(3) de moedas e reunião de títulos que não acalmam as emoções nem tranquilizam as ambições.

Certamente, a criatura deve possuir e dispor de recursos necessários para uma vida saudável, consentânea(4) com o grupo social no qual se encontra. No entanto, o êxito não pode ser medido em contas bancárias, prestígio na comunidade e destaque político. Da mesma forma, não é factível definir-se por fracasso a ausência desses troféus.

Os homens e mulheres plenos, vitoriosos de todos os tempos, venceram-se, completaram-se e, sem qualquer tipo de conflito, optaram pela realização interior, respeitando todas as aspirações e direitos dos demais indivíduos, porém, a eles próprios impondo-se a autorrealização que lhes propiciou saúde — mesmo quando enfermos —, felicidade — embora perseguidos algumas vezes — e êxito — isto é, a vitória no que anelavam, apesar de levados ao martírio.

A visão transpessoal do êxito e do fracasso está ínsita(5) na pessoa interior, real, a criatura harmonizada consigo mesma, com as outras pessoas, com a natureza e a vida.  

Êxito é encontro, enquanto fracasso é domínio pelo ego.
O êxito gera paz, e o fracasso inquieta.

Autoanalisando-se, cada qual se descobre, assim dando-se conta do triunfo ou do insucesso, podendo recomeçar para alcançar o êxito, nunca o fracasso.

(Joanna de Ângelis. O ser consciente. Cap. 3 – Problemas e desafios)

1 Hedonismo: doutrina ética, ensinada por antigos epicureus e cirenaicos e por modernos utilitaristas, que afirma constituir o prazer, só ou principalmente, a felicidade da vida. (Dicionário Michaelis)
2 Esgar: careta, gesto ridículo, trejeito, disfarce, hiprocrisia.
3 Amealhar: ajuntar.
4 Consentâneo: adequado, apropriado.
5 Ínsito: inerente, inserido.


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SUCESSO E FRACASSO

O homem tem necessidade de enfrentar desafios. São eles que o impulsionam ao crescimento, ao desenvolvimento de suas aptidões e potencialidades, sem o que permaneceria sem objetivo, relegando-o ao letargo(6), à negação da própria mecânica da vida que se expressa como evolução.

À medida que se lhe vai operando o amadurecimento psicológico, mais amplas perspectivas surgem nas suas paisagens mentais em forma de aspirações que se transformam em lutas motivadoras da existência. Cada etapa vencida faculta novos rumos a percorrer e o seu transcurso é realizado a esforço que o ideal do sucesso propõe. A princípio são metas próximas, não obstante se possam ambicionar outras mais expressivas, mesmo que remotas, porém prenunciadoras de vitórias imediatas.

O que está próximo e fácil não constitui grande desafio nem forte motivação para ser conseguido, pois sucede com mínimo esforço, deixando, quando logrado, um certo travo de frustração.

Enquanto se acalentam ambições nos padrões da realidade do possível, se vive motivado para prosseguir. O seu desaparecimento faz-se morte existencial. Dessas objetivações realizáveis surgem projetos mais audaciosos, considerados então impossíveis, que a tenacidade(7) e a inteligência ao esforço conseguem alcançar.

A conquista da roda inicialmente mudou a fase do planeta. A fundição dos metais, a eletricidade e suas inumeráveis aplicações alteraram completamente o mundo terrestre, que deixou de ser conforme se apresentava para ressurgir com aspecto totalmente novo. Os desafios do micro e do macrocosmo, que estão sendo vencidos, alteram, com os recursos avançados da ciência e da tecnologia, a cultura, a civilização e a vida nas suas diversas expressões.

Certamente, a precipitação emocional, as graves patologias orgânicas, psicológicas e psíquicas, algumas resultado dos atavismos(8) e das fixações ancestrais, não permitiram, por enquanto, que se instale na sociedade a felicidade, nem no próprio indivíduo a harmonia, o prazer não agressivo nem extravagante. A morbidez que campeia tem-nos dificultado.

Apesar dos sucessos conseguidos em muitos setores, outros permanecem obscuros, aguardando. Passos audaciosos já foram dados, favorecendo o bem-estar e ampliando os horizontes existenciais.

Lenta, mas seguramente, o homem sai da caverna, tem sucesso ao diminuir as sombras por onde transita e desenha um radioso futuro. Os vestígios de barbarismo, o predomínio da natureza animal, a perseverança da apatia, vão sendo substituídos pelos anelos de liberdade, pelos ideais de autoiluminação, de progresso, de amor, que se lhe desdobram no imo como um hino de alegria, uma saudação estuante(9) de júbilo, um êxito em relação às condições hostis e às tendências perturbadoras.

Saturado do habitual aspira pelo inusitado. Apaixonado pelo bom, pelo nobre, pelo belo liberta-se, a esforço que supera a vulgaridade, o tédio, o ego dominador. Harmoniza o Self com o Cosmos e busca integração no conjunto geral, sem perda de identidade, nem de individualidade.

O sucesso é sempre o prêmio para quem luta e aspira por ascensão, poder, destaque. Não se tratam de buscas egóicas, mas de instrumentos de uso para conseguir a vigência dos ideais.

O poder é ferramenta neutra. A aplicação que lhe é dada responde pelos efeitos que produz. Proporciona os meios hábeis para as realizações, abrindo portas e ensanchas(10), a fim de que a vida se torne mais significativa.

Ter, possuir para manter-se com dignidade, em segurança econômica, social, emocional, é um sentido existencial através do qual se harmonizam algumas necessidades psicológicas.

Qualquer tipo de carência aflige, e quando se faz pronunciada, expressando-se em um meio social ou em uma situação econômica angustiante leva a crises desestruturadoras do comportamento.

O sucesso significativo, porém, se expressa como a atitude de equilíbrio entre o conseguir e o perder. Nem sempre todas as respostas da luta são positivas, de triunfo.

O fracasso, desse modo, faz parte integrante do comportamento da busca. Não se deter, quando por ele visitado, retirar a lição que encerra, analisar os fatores que o produziram, a fim de que não se repita, e recomeçar, quantas vezes se faça necessário, eis a forma de torná-lo um sucesso verdadeiro.

A rebelião ante a sua ocorrência, a desestruturação íntima, a perda do sentido da luta, além de constituírem prejuízo emocional, representam fracasso real. O insucesso de um cometimento pode tornar-se experiência que predispõe ao triunfo próximo.

Na estratégia bélica, vencer a guerra é a meta, e não somente ganhar batalhas. O importante e essencial, no entanto, é sair vitorioso na luta final, aquela que define o combate.

O homem de sucesso ou de fracasso exterior deve vigiar o comportamento íntimo para detectar como se encontra realmente, e remanejar a situação.
Produzir a harmonia entre o eu superior e o ego é que realmente representa sucesso ideal.

(Joana de Ângelis. Amor, imbatível amor. Cap. 6 - Objetivos conflitivos)

6 Letargo: torpor, sono profundo.
7 Tenacidade: persistência.
8 Atavismo: semelhança com antepassados.
9 Estuante: ardente, febril.
10 Ensancha: porção de pano que se deixa a mais na costura, para futuro alargamento, se for preciso. (Dicionário Michaelis)


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O EXEMPLO DE THOMAS EDSON

Um repórter perguntou a Thomas Edison como ele se sentia por ter falhado 10 mil vezes na sua tentativa de criar uma simples bateria. Ele respondeu: "Não sei por que você acha que foi um fracasso. Hoje eu conheço 10 mil maneiras de como não fazer uma bateria. E você, o que sabe?”.

Fracasso e sucesso dependem do ponto de vista. Thomas Edison foi provavelmente o maior inventor norte-americano.

Quando foi para a escola na cidade de Port Huron, em Michigan, os professores reclamaram que ele era "lerdo" e indisciplinado. Dada a situação, sua mãe decidiu retirá-lo da escola e educá-lo em casa.

O jovem era fascinado por ciência. Aos 10 anos de idade já tinha montado o seu primeiro laboratório de química.

A energia inesgotável de Thomas Edison, bem como o seu gênio (que segundo ele era "1% inspiração e 99% transpiração") o levaram a mais de 1300 invenções. A invenção da lâmpada incandescente lhe custou 2 mil tentativas.

Ao ouvir a pergunta de um jovem sobre como se sentia por ter falhado tanto, ele respondeu: "Eu não falhei nenhuma vez. Inventei a lâmpada incandescente, só que foi um processo com 2 mil etapas."

O laboratório de Thomas Edison foi destruído por um incêndio em dezembro de 1914.

Apesar do prejuízo passar de 2 milhões de dólares, o seguro dos prédios era de apenas 238 mil dólares, já que eram de concreto e, sendo assim, considerados à prova de fogo. Naquela noite, grande parte do trabalho de uma vida inteira virou fumaça.

Com o incêndio no auge, Charles, seu filho de 24 anos de idade, procurava desesperadamente o pai por entre a fumaça e todo o entulho.

Finalmente o encontrou: observando o espetáculo, à luz do fogo e com os cabelos brancos esvoaçando ao vento.

"Eu senti a maior dó", disse Charles. "Ele tinha 67 anos de idade, não era mais jovem, e estava perdendo tudo. Mas ao me ver gritou: 'Charles, cadê a sua mãe?' Quando lhe disse que não sabia, ele me mandou procurá-la. ‘Traga-a aqui, porque ela nunca vai ver algo assim em toda a sua vida'.”

No dia seguinte, contemplando as ruínas, o inventor declarou: "Uma catástrofe é algo muito valioso. Todos os nossos erros viraram fumaça. Graças a Deus podemos começar tudo de novo."

Três semanas após o incêndio, Thomas Edison conseguiu apresentar o seu primeiro fonógrafo(11).

(Autor desconhecido)

11 Fonógrafo: instrumento que grava e reproduz a voz e outros sons.


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DIAS DE SOMBRA

Coincidentemente, há dias que se caracterizam pela sucessão de ocorrências desagradáveis. Nada parece dar certo. Todas as atividades se confundem e os fatos se apresentam deprimentes, perturbadores. A cada nova tentativa de ação, outros insucessos ocorrem, como se os fenômenos naturais transcorressem de forma contrária.

Nessas ocasiões as contrariedades aumentam e o pessimismo se instala nas mentes e nas emoções, levando-as a lembranças negativas com presságios deprimentes.

Quem lhe padece a injunção tende ao desânimo e refugia-se em padrões psicológicos de autoaflição, de infelicidade, de desprezo por si mesmo.

Sente-se sitiado por forças descomunais, contra as quais não pode lutar, deixando-se arrastar pelas correntes contrárias, envenenando-se com o mau humor.

São esses, dias de provas, e não para desencanto; de desafio, e não para a cessação do esforço.

Quando recrudescem as dificuldades, maior deve ser o investimento de energias, e mais cuidadosa a aplicação do valor moral na batalha.

Desistindo-se sem lutar, mais rápido se dá o fracasso, e quando se vai ao enfrentamento com ideias de perda, parte do labor já está perdido.

******

Nesses dias sombrios, que acontecem periodicamente, e às vezes se tornam contínuos, vigia mais e reflexiona com cuidado.

Um insucesso é normal, ou mesmo mais de um, num campo de variadas atividades. Todavia, a intérmina sucessão deles pode ter gênese em fatores espirituais perniciosos, cujas personagens se interessam em prejudicar-te, abrindo espaços mentais e emocionais para intercâmbio nefasto contigo, de caráter obsessivo.

Quanto mais te irritares e te entregares à depressão, mais forte se te fará o cerco e mais ocorrências infelizes tomarão forma.

Não te debatas até a exaustão, nadando contra a correnteza. Vence-lhe o fluxo, contornando a direção das águas velozes.

Há mentes espirituais maldosas, que te acompanham, interessadas no teu fracasso. Reage-lhes à insídia(12) mediante a oração, o pensamento otimista, a irrestrita confiança em Deus.

Rompe o moto-contínuo dos desacertos, mudando de paisagem mental, de forma que não vitalizes o agente perturbador.

Ouve uma música enriquecedora, que te leve a reminiscências agradáveis ou a planificações animadores.

Lê uma página edificante do Evangelho ou de outra Obra de conteúdo nobre, a fim de te renovares emocionalmente.

Afasta-te do bulício e repousa; contempla uma região que te arranque do estado desanimador.

Pensa no teu futuro ditoso, que te aguarda.
Eleva-te a Deus com unção e romperás as cadeias da aflição.

Há sempre Sol brilhando além das nuvens sombrias, e, quando ele é colocado no mundo íntimo, nenhuma ameaça de trevas consegue apagar-lhe, ou sequer diminuir-lhe a intensidade da luz. Segue-lhe a claridade e vence o teu dia de insucessos, confiante e tranquilo.

(Joanna de Ângelis. Momentos de Saúde. Cap. 14)

12 Insídia: cilada, emboscada.





quarta-feira, 3 de junho de 2015

Humor


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 * PERDA DO SENSO DE HUMOR


Poder encarar as situações vexatórias sem revolta nem autocompaixão, considerando-as fenômenos naturais do processo evolutivo; identificar-se humano e passível de todas as ocorrências; aceitar com bom humor os acontecimentos inusitados e permitir-se sorrir de si mesmo, dos equívocos cometidos e dispondo-se a repará-los, constituem conquistas do auto-amor.

O amor, no seu elenco imenso de expressões, sustenta o senso de humor, facultando ao indivíduo possibilidades enriquecedoras, dentre as quais a alegria da vida como quer que esta se apresente, a compreensão das falhas alheias e próprias, a coragem para repetir as experiências fracassadas, até alcançar o êxito e, sobretudo, o preenchimento dos espaços íntimos com realizações edificantes.

A perda do senso de humor, entre outras causas, resulta do estresse e da amargura, do desgaste das emoções e do vazio existencial, colimando em condutas pessimistas, caracterizadas pela revolta sistemática, a agressividade diante de quaisquer incidentes, ou pelo desânimo, pelo desinteresse em torno das ocorrências. Descaracterizam-se então, os valores perante si mesmo, e as aspirações cedem lugar à acomodação rebelde, conspirando contra as estruturas íntimas.

(...)

O senso de humor estimula ao prosseguimento dos objetivos, vencendo dificuldades e obstáculos com o otimismo de quem confia em si, nas próprias possibilidades e na capacidade de renovar-se para não estacionar. Trata-se de um parâmetro para aquilatar-se a condição em que se encontra e as disponibilidades ao alcance para vencer.

(...)

A vida moderna, com as suas sofisticadas exigências, propicia muitos conflitos que podem ser evitados mediante a autoconsciência e a vivência do senso de humor, isto é, a forma natural e positiva para encarar as ocorrências do cotidiano. Não se trata do humor que decorre do anedotário[1], da chalaça[2], da momice[3], dos relatos pejorativos e de sentido pífio[4].

Mas, dessa autêntica jovialidade para compreender-se e compreender aos demais, encarando a existência com seriedade, mas sem carranca, com alegria, mas sem vulgaridade, emocionalmente receptivo às lições e complexidades dos processos da vida.

A perda desse sentido mergulha o indivíduo no fosso da autodestruição, que arquiteta, conscientemente ou não, como fuga existencial ou capricho infantil, de quem sente falta da mãe superprotetora, anteriormente encarregada de solucionar todos os problemas do filho, o que deu surgimento à insegurança, ao desequilíbrio, não lhe permitindo o desenvolvimento psicológico.

A aquisição como a preservação do senso de humor tornam-se essenciais para a vitória do homem sobre os conflitos modernos e o direcionamento para a conquista da plenitude.

(Joana de Angelis. Amor, imbatível amor. Cap. 7 – Tormentos modernos. Perda do Senso de humor)

 * MAU HUMOR

Realizando um périplo[5] que se inicia na forma de princípio inteligente, o Espírito cresce insculpindo conquistas e desacertos no âmago da sua realidade, definindo formas, contornos e conteúdos, à medida que avança na esteira multifária[6] da evolução.

Cada etapa se assinala por específica realização que se lhe torna patamar de sustentação para novo passo, crescendo, a pouco e pouco, no rumo da autoconquista.

O desenvolvimento psicológico ocorre-lhe lentamente, plasmando-se através das experiências que lhe desabrocham as potências adormecidas e que são elementos constitutivos da sua realidade transcendental.

De acordo com a iluminação, e o discernimento conseguido, adquire consciência de culpa em decorrência dos atos praticados, transferindo para os novos cometimentos a necessidade de recuperação da tranquilidade perdida, que é o recurso hábil para a saúde integral.

O ser essencial é amor, no entanto, no processo de despertamento da sua potencialidade divina, adquire expressões não legítimas, que passam a atormentá-lo, já que fazem parte do processo de maturação através de negatividades, que são o desamor e as máscaras do ego, expressando-se como pseudo-amor.

Face a esses mecanismos, com frequência as insatisfações e conflitos dão curso a estados desagradáveis de comportamento, que se podem transformar em enfermidades da alma, ou, em razão de suas raízes profundas no ser, exteriorizam-se como máscaras do ego, como negatividades, decorrentes dos desequilíbrios da conduta anterior.

O mau humor, que resulta de distúrbios emocionais profundos ou superficiais, se instala de forma sutil e passa a constituir uma expressão constante no comportamento do indivíduo. Pode apresentar-se com caráter transitório ou tornar-se crônico, convertendo-se em verdadeira doença, que exige tratamento continuado e de longo prazo.

Por trazer as matrizes inseridas nos tecidos sutis da realidade espiritual, transfere-se do campo psíquico para a organização somática através da hereditariedade, que responde pela sua fixação profunda, de caráter expiatório.

Em casos tão graves, a terapia psiquiátrica é convocada a auxiliar o paciente, que se lhe deve entregar com cuidado, ao mesmo tempo alterando o modo de encarar a vida, o mundo e as pessoas, mediante cujo esforço renovará as paisagens íntimas e elaborará novos painéis que lhe darão cor e beleza existenciais.

Caracteriza-se o mau humor pela apatia que o indivíduo sente em relação às ocorrências do dia-a-dia, à dificuldade para divertir-se, aos impedimentos psicológicos de atingir metas superiores, de bem desempenhar a função sexual, negando-se à mesma ou atirando-se desordenadamente na busca de satisfações além do limite, mediante mecanismo de fuga em torno da própria problemática. Torna-se, dessa forma, pessoa solitária, egoísta, amarga...

Tais características podem levar a um diagnóstico equivocado de depressão, que se caracteriza por alternâncias de conduta, enquanto que no estado de humor negativo a conduta é qual uma linha reta, desinteressante, sem emoção, permanecendo constante, enquanto que na depressão a mesma desce em fase profunda ou ascende, podendo libertar-se com relativa facilidade.

O oposto, o excesso de humor, também expressa disfunção orgânica, revelando-se em traços da personalidade em forma exagerada de otimismo que não tem qualquer justificação de conduta normal, já que se torna uma euforia, responsável pela alteração do senso da realidade. Perde-se, nesse estado, o contorno do que é real e passa-se ao exagero, tornando-se irresponsável em relação aos próprios atos, já que tudo entende como de fácil manejo e definição. Em tal situação, quando irrompe a doença, há uma excitação que conduz o paciente às compras, à agitação, à insônia, com dificuldades de concentração.

Certamente que um momento de euforia como outro de mau humor faz parte do processo de se estar saudável, de comportar-se bem, de encontrar-se em equilíbrio. A permanência num como noutro comportamento é que denota o desajuste, a disfunção, a desarmonia emocional.

Diante de uma pessoa mal-humorada, a primeira ideia que ocorre à família ou aos amigos, é a de proporcionar-lhe divertimento, mudança de clima psicológico, levando-a a sorrir, tentando gerar situação agradável ou cômica, que se lhe apresenta perturbadora, insossa, já que não consegue biologicamente produzir enzimas propiciadoras do bem-estar.

O distímico[7] sente-se pior, em tal circunstância, formulando um conceito de culpa perturbador, ao sentir-se responsável por estar preocupando aqueles que o estimam e o cercam, tornando-se-lhe o lazer proposto uma experiência ainda mais traumática.

Ante o insucesso, familiares e amigos recuam e passam à agressão mediante apodos[8], denominando o enfermo como preguiçoso, indiferente ao afeto que lhe é direcionado, como se ele pudesse alterar de um para outro momento o estado de enfermidade.

Somente a paciência familiar e fraternal, o envolvimento afetivo natural, sem exageros momentâneos nem pseudoterapêuticos, e, concomitantemente a assistência psiquiátrica podem oferecer os resultados que se desejam, e que são logrados com vagar. (...)

A distimia e a euforia são, portanto, doenças da alma, que necessitam de conveniente estudo e tratamento, por assaltarem um número cada vez maior de pacientes, vitimados por si mesmos e pelos variados fatores exógenos que a todos envolvem na atualidade.

(Joana de Angelis. Amor, imbatível amor. Cap. 10 – Doenças da alma. Mau humor)
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1 Anedotário:
2 Chalaça: caçoada grosseira; gozação.
3 Momice: zombaria.
4 Pífio: baixo.
5 Périplo: navegação; viagem.
6 Multifária: variada; multiforme.
7 Distímico: sujeito com transtorno distímico, que se caracteriza por um estado de ânimo cronicamente depressivo.
8 Apodo: gracejo, mofa, zombaria.

sábado, 23 de maio de 2015

Saúde



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 SAÚDE

“(...) Amai, pois, a vossa alma, porém, cuidai também do vosso corpo, instrumento da alma.” (O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. XVII – Sede perfeitos. Item 11. Cuidar do corpo e do espírito)

“Muitas enfermidades têm origem no temperamento desajustado, nas emoções em desalinho, em influências espirituais negativas...”
(Joanna de Ângelis. Vida feliz. Cap. LXXXVI)

“Cuida do corpo e nutre a alma, a fim de que te sintas completado.”
(Joanna de Ângelis. Vida feliz. Cap. XCIV))


CONCEITO DE SAÚDE

(...) “saúde é o estado do que é são, do que tem as funções orgânicas regulares.”

A Organização Mundial de Saúde elucida que a falta de doença não significa necessariamente um estado de saúde, antes, porém, esta resulta da harmonia de três fatores essenciais, a saber: bem-estar psicológico, equilíbrio orgânico e satisfação econômica, assim contribuindo para uma situação saudável do indivíduo.
Num período de transição e mudança brusca da escala dos valores convencionais, com a inevitável irrupção dos excessos geradores da anarquia, a saúde tende a ceder espaço a conflitos emocionais, desordens orgânicas e dificuldades econômicas, propiciando o surgimento de patologias complexas no homem.

A sociedade enferma perturba-o, e este, desajustado, piora o estado geral do grupo. O sentido de dignidade pessoal, nesta situação, é substituído pela astúcia e pelo prazer, proporcionando distonias emocionais que facultam a instalação de enfermidades orgânicas de variada procedência.

Abstraindo-se destas últimas, aquelas que são originadas por germes, bacilos, vírus e traumatismos, multiplicam-se as de ordem psicológica, que se avolumam nos dias atuais.
O homem teima por ignorar-se. Assume atitudes contraditórias, vivendo comportamentos estranhos. Prefere deixar que os acontecimentos tenham curso, às vezes, desastroso, a conduzi-los de forma consciente. Os dias se sucedem, sem que ele dê-se conta das suas responsabilidades ou frua dos seus benefícios em uma atitude lúcida, perfeitamente compatível com as conquistas contemporâneas.

Surpreendido, no entanto, pela doença e pela morte, desperta assustado, sem haver vivido, estranhando-se a si mesmo e descobrindo tardiamente que não se conhecia. Foi um estranho, durante toda a existência, inclusive, a ele próprio.

A saúde, entretanto, fá-lo participativo, membro atuante do grupo social, desperto e responsável na luta com que se enriquece de beleza e alegria, assumindo posições de vigor e segurança íntima, que lhe constituem prêmio ao esforço desenvolvido.
A falta de saúde, que se generaliza, conduz a mente lúcida a um diagnóstico pessimista, o que não significa ser desesperador. Em tal situação, por falta de outra alternativa, o homem enfrenta a dificuldade, por ser pensante, e altera o quadro, impulsionado ao avanço, a aceitar os desafios.

Deixa de fugir da sua realidade, descobre-se e trabalha para alcançar etapas mais lúcidas no seu desenvolvimento emocional, pessoal.

Quem se resolve, porém, pela submissão autodestrutiva, não merece o envolvimento respeitoso de que todos são credores diante dos combatentes, porquanto, deixando de investir esforços, abandona a sua dignidade de ser humano e prefere o esfacelamento das suas possibilidades como sendo o seu agradável estado de saúde, certamente patológico.

A saúde produz para o bem e para o progresso da sociedade, sem compaixão pelos mecanismos de evasão e pieguismos[i] comportamentais vigentes. Realizadora, propele[ii] a vida para as suas cumeadas e vitórias, sem parada nas baixadas desanimadoras.

(Joanna de Ângelis. O homem integral. Cap. 5 – Doenças contemporâneas)


A SAÚDE INTEGRAL

A saúde resulta de vários fatores que se conjugam em prol da harmonia psicofísica[iii] da criatura humana. Procedente do espírito, a energia elabora as células e sustenta-as no ministério da vida física, assim atendendo à finalidade a que se destinam.
Irradiando-se através do perispírito, fomenta a preservação do patrimônio somático, ao qual oferece resistência contra os agentes destrutivos, em cuja agressão se engalfinha[iv] em luta sem cessar.
Quando essas forças se desorganizam, aqueles invasores microbianos vencem a batalha e instalam-se, dando origem e curso às enfermidades.

Na área dos fenômenos emocionais e psíquicos, face à delicada engrenagem do aparelho pelos quais se expressam, a incidência da onda energética do espírito, nesses tecidos sutis, responde pelo desequilíbrio, mais grave se tornando a questão dos desconcertos e aflições alienantes.

Nesse capítulo, as estruturas profundas do ser, abaladas pelas descargas mentais perniciosas, além dos desarranjos que provocam, facultam a sintonia com outros espíritos perturbadores e vingativos, que se homiziam[v] nos campos psíquicos, produzindo infelizes obsessões.

A preservação da saúde exige cuidados preventivos constantes, e terapêuticos permanentes, pela excelência de que se reveste, para as conquistas a que está destinada durante a reencarnação.
Diante das inumeráveis patologias que atribulam o ser humano, a manutenção do equilíbrio psíquico e emocional é de fundamental importância para a sustentação da saúde.

Desse modo, visualiza-te sempre saudável e cultiva os pensamentos otimistas, alicerçado no amor, na ação dignificante, na esperança.

Liberta-te de todo entulho mental, que te pode constituir fonte de intoxicação e estímulo às vidas microbianas perturbadoras, conservando-te em paz íntima.
Se a enfermidade te visita, aproveita-lhe a presença para reflexões valiosas em torno do comportamento e da reprogramação das atividades.
Pensa na saúde e deseja-a ardentemente, sem imposição, sem pressão, mas com nobre intenção.
Planeja-te saudável e útil, antevendo-te recuperado e operoso no convívio familiar e social como instrumento valioso da comunidade.
Vincula-te à Fonte Generosa de onde promanam todas as forças e haure os recursos necessários ao reequilíbrio.

Reabastece o departamento mental com pensamentos de paz, de compaixão, de solidariedade, de perdão e de ternura, envolvendo-te, emocionalmente, com a Vida, de forma a te sentires nela integrado, consciente e feliz.

Doença, em qualquer circunstância, é prova abençoada, exceto quando, mutiladora, alienante, limitadora, constitui expiação oportuna de que as Soberanas Leis se utilizam para promover os calcetas[vi] que, de alguma forma, somos quase todos nós.

Saudável, aproveita o ensejo para te preservares, produzindo mais e melhor.
Enfermo, agradece a Deus e amplia os horizontes mentais no amor para te recuperares, hoje ou mais tarde, seguindo adiante em paz e confiança.

(Joanna de Ângelis. Momentos de saúde. Cap. 18 - A bênção da saúde)



Notas:

[i] Pieguismo: sentimentalismo extremo e, por vezes, doentio. 
[ii] Propele: impulsiona.
[iii] Psicofísica: área da ciência que estuda as relações entre as sensações subjetivas e os estímulos físicos e estabelece relações quantitativas entre eles.
[iv] Engalfinha: se agarra.
[v] Homiziar: criar inimizade, indispor.
[vi] Calceta: criminoso condenado a trabalhos forçados.


sexta-feira, 15 de maio de 2015

Medos e Fobias


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“MEDOS INDICADORES DE CRENÇAS LIMITADORAS”
  
"Veio em seguida o que recebeu apenas um talento e disse: Senhor, sei que és homem severo, que ceifas onde não semeaste e colhes de onde nada puseste; - por isso, como te temia, escondi o teu talento na terra; aqui o tens: restituo o que te pertence.”
(O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo 16, item 6)

O desapego às nossas convicções pode ser comparado à delicada cirurgia na intimidade da alma e traz como principal consequência o medo. Sobretudo, o medo de perder quem achávamos que éramos, de perder personalidades ilusórias repletas de verdades falsas sobre a vida e sobre o viver. Essa perda faz aflorar a dor angustiosa da indefinição, gerando insegurança, desânimo e mau humor, que podem alcançar o nível de um quadro exaustivo de estresse, ansiedade, pânico e desespero silencioso a caminho da depressão.
Sob uma perspectiva transpessoal, o medo é um excelente indicador de que existe algo a ser descoberto, enfrentado e transformado em nós. É um sentimento mobilizador cuja função no cosmo emocional é proteger e também instigar atitudes diante de pressões ou ameaças.
Sendo o medo uma reação natural e necessária, aquilo que fazemos com ele é que pode se tornar um problema. Quando optamos pela reorientação daquilo que temos como real, há uma perda temporária de referências que nos ofereciam a sensação de segurança e bem-estar, e agora, na formação de outros valores, o medo nos previne contra os mecanismos sutis da leviandade diante da construção de novos princípios e valores que vão gerenciar as novas formas de pensar e viver.
Entre as certezas que mais necessitam de reciclagem e que podem acionar o medo com intensidade estão as chamadas crenças de identidade, isto é, aquelas que criam uma percepção do valor e da estima pessoal. São as que mais sofrimento têm causado ao ser humano. Sob gerência de padrões de desvalor e de não merecimento, os sentimentos e pensamentos aprisionam a vida psíquica e emocional no estado de baixa autoestima.
No Evangelho, a passagem em que Pedro foi convidado por Jesus a andar sobre as águas é um exemplo que ilustra bem esse assunto. Trata-se de um andar incomum em um caminho sem referências e exclusivamente pessoal, pois, embora houvesse muitas pessoas naquele momento na praia, só Pedro foi chamado pelo Mestre.
Todos seremos chamados em algum momento a andar sobre águas, a fazer um trajeto de libertação por caminhos e aprendizados incomuns. Andar sobre as águas vai exigir uma convicção sólida e um destemor sem igual: teremos medos e, assim como aconteceu com o apóstolo, poderemos afundar nas águas dos nossos descuidos e temores apenas por força de uma leve rajada de vento. O vento da indecisão, da dúvida, da incerteza e da severidade com nós mesmos. Assim como andar sobre as águas, reciclar nossas próprias verdades atemoriza-nos porque significa trilhar uma jornada pessoal, sem comparação, única. Nesse processo, somos nós e nossa consciência, nós e nosso ser transpessoal que anseia nascer e florescer.
Para tornar esse caminhar menos doloroso e mais consciente, será necessária a descoberta de quais crenças nossos medos indicam. Cada medo pode ser um indício daquilo que devemos reciclar.
No medo de sofrer, pode estar enraizada a crença de que não merecemos o prazer.
No medo de aproveitar as boas coisas da vida, pode estar gravada a crença de que a vida só tem valor legítimo quando as conquistas vêm pela dor e pelo sacrifício.
No medo de experimentar romper seus limites, pode abrigar-se a crença do castigo para quem não se conduz conforme os padrões.
No medo de errar, camufla-se a crença da incompetência ou do perfeccionismo.
No medo de competir, pode estar a crença de que temos de ser os melhores.
No medo do desamparo, costuma se esconder a crença de que o amor alheio é mais importante do que o autoamor.
No medo de estabelecer limites, quase sempre está a crença em nossa infalibilidade.
No medo de nossa fragilidade, abriga-se a crença de que temos de dar conta de tudo.
O medo de perder pode trazer embutida a crença de que somos culpados pelas conquistas que fazemos.
No medo de ser quem somos, quase sempre está a crença de que ser diferente é um mal.
Aquele servo da parábola dos talentos (Mateus 25:14 a 30) tinha uma convicção limitadora. Ele preferiu enterrar o talento porque era essa a sua concepção de proteção, de bom uso, ao mesmo tempo em que se submeteu a uma postura de acomodação e de menor esforço. Por conta de suas ilusões, não gerou vida, movimento e não ampliou o raio de sua experiência. Fechou-se em sua concepção, por zelo e cautela.
Nos serviços de aprimoramento espiritual, muitos de nós rendemo-nos a essas concepções temerárias que sutilmente invadem o campo mental com ideias de prudência excessiva e terminam em preguiça, perfeccionismo e fuga.
Diante de tais atitudes, verificamos claramente a presença do egoísmo mais uma vez incensando a ideia de sermos o melhor, quando os serviços do bem e da luz na busca de nosso progresso apenas nos propõem a fazer o melhor que já conseguimos.
A crença lúcida e libertadora de quem segue a Jesus é ser alguém melhor hoje do que ontem e dar um passo atrás do outro na busca do aprendizado lento, gradativo e ininterrupto na construção de um homem novo em constante aperfeiçoamento.
(Ermance Dufaux. Emoções que curam. Cap. 5 - “Medos indicadores de crenças limitadoras”)

VOCÊ TEM MEDO DE PERDER?

Uma pessoa que tenha desencarnado sem ter resolvido a pendência do medo de perder pode regressar à reencarnação com a vida mental atormentada por uma constante sensação de tragédia. Medo de perder o dinheiro, o filho, o emprego, o laço afetivo, os bens perecíveis.
(...)
Diante do medo de perder algo ou alguém, as perguntas que temos que fazer são: “o que essa pessoa ou esse recurso representa para minha vida mental?” e “Sobre que danos reais o medo quer nos avisar caso venha acontecer a perda real?”.
Analisemos algumas possíveis representações mentais para o medo.
Para muitos pais, os filhos representam um troféu de boa moral. Quase sempre nisso reside o medo de perder os filhos para a depravação.
Para muitos profissionais, o emprego representa a fórmula do sucesso e da realização. Assim pode nascer o medo do desemprego.
Para muitos maridos, a esposa representa a pessoa mais importante de sua vida. É por esse caminho que brotam as fantasias de traição.
Para muitas esposas, o marido representa a fonte máxima de segurança. Dessa forma, surgem muitos medos de autonomia e independência.
Para muitas pessoas, um bem material representa a expressão de sua capacidade pessoal. Essa representação assombra a mente com medos de roubo e violência.
Para muitos espíritas, os conceitos gerados pela cultura doutrinária representam fonte de poder e orgulho pessoal. Isso pode levá-los a acreditar em medos de fracasso que limitam a coragem de serem autênticos e de romperem com os modelos culturais vigentes.
Por trás de cada medo de perder existe um indício da alma que aponta o que necessitamos rever, o que representa aquilo que tememos perder na nossa vida. Durante um tempo na vida física é necessário e aceitável que tais medos façam parte da rotina. No entanto, o amadurecimento emocional, em certo momento da evolução, nos convocará a enfrentar nossos medos pelo bem de nossa própria sanidade e de nossa libertação.
(...)
No medo do fracasso, encontram-se os talentos para a legítima vitória.
No medo da inutilidade, está o recado de que você tem algo rico a realizar.
No medo da rejeição e do abandono, está o chamado para que você se aproxime mais de você.
No medo de perder, está o convite para deixar a vida fluir com o melhor que ela tem.
No medo da submissão, está a força indicadora de sua capacidade independente.
No medo de errar, você expressa seu desejo de sempre aprender.
Carma não se encerra na dor, e sim no amor. A dor é apenas aviso e fator emocional de indicação de que podemos alcançar o amor.
Você tem medo de perder?
Tome essa emoção como um convite da vida para voos inimagináveis de força, realização e paz.
(Ermance Dufaux. Emoções que curam. Cap. 15 – Você tem medo de perder?)